segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sobras

Tua voz doce rasga e não dói.
Sonhei que teria você lá, no fim, comigo.
Mas somente achei. No fundo nunca acreditara.
O "Eu te Amo" fora de verdade, mas nunca acreditei em você querido...
Surpreso?!
Coabitamos sem querer.
Perdemos o melhor de cada um, em cada tempo.
Nada sobrou.
Há uma sombra no espelho.
E não preciso de muito para escrever...
Apenas a mesma receita: Um sofrimento, uma canção triste e um coração partido, atravessado pela doçura da dor.
Quem precisa de mais do que isso?
Você, meu passatempo preferido.
Eu, a memória que preferi esquecer.
E agora, sozinha, com quem mais odiara, percebo que me deixei definhar.
Aqueles olhos me acompanham, julgando.
Tentei ser o melhor para mim, mas não me queria.
Deixei-me entrar em você, estar em você, e foi em vão.
No fim da canção sabia que não podia recomeçar sem tornar chato...
Mais do mesmo, perdi o meu melhor.
Mas não preciso mais da sua pena.
Quando a dependência acabou, rodei, rodei e rodei...
Enfim localizei meu coração.
Usado, um lixo, um lindo suvenir da sua estante...
Notei que a casa há muito não estava limpa.
Te tranquei naquele quarto que tenho medo de entrar, joguei a chave fora.
Em minha volta, Janelas! Muitas,amplas e que deixam muita luz entar.
Cobri-as.
Não suporto a luz de fora.
Não há luzes dentro.
Amortecida.
Semi-morta.
Ainda espero.
Esperando, minha vida, recomeçar.
Absolvi meu anjo negro.
Gatos negros, para mim, dão mais sorte que qualquer um...
E na contramão, corri.
Sem bater...Continuei.
Havia um jardim onde enclausurei-me, e nunca mais saí....
Plantei em volta espinhos...
Nunca mais saí...
Não deixei que ninguém entrasse... E então voltei-me para si e comecei a tratar as feridas...
Me reconheci. Tive pena. Quase enlouqueci.
Aprendi a conviver. Recolhi do chão antigos projetos.
E então continuei na estrada que não sei o fim.
Por quanto tempo caminho?
Há vinte e um anos!
Mais alguns anos e terei cumprido minha pena.
Pagarei por ter tido isso que chamam de vida...
Até lá, me esqueço, e ajudo os outros a esquecer-me.
E quase como um sonho, vou dormindo e acordando e esquecendo.
O que ninguém reparou eu vi e me importei...
E o que estava por trás percebi...
Não me magoo mais, pois sei, é sem querer não é?
E enquanto vivo, respiro escrevendo...
E choro, relendo minha dor.
Meu consolo?
Minha sonata.
Havia um Eu em algum lugar desse caminho...
Não sei como continuar...

E.C

Ouvindo Someone Like You - Adele

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